Geração Neo-Beat Junkie Obsessiva.

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Arthure 'Crack' di Monzza.

Guiliano 'Jamaica' Gasparetto.

Federico 'The Gangster' Carletti.

Francesco 'Nonsense' Manzano.


quinta-feira, 19 de agosto de 2010

Dois Cadáveres

Escuro é frio demais. Essa neve de lua não rola, mano. To congelando aqui e só queria mais um - porra! Por que não tem ninguém aqui perto com alguma coisa?... Desgraça é só o que passa pela minha cabeça agora. Arrancar a vida de alguém, HAHA! Vamos lá. Não tem ninguém aqui, muito menos com mais um... Não posso pensar nisso. Mas como eu queria mais um agora... só mais um, merda. MERDA! Cadê aquele filho-da-puta do Jonas, aquele vagabundo viciado? VÁ PRA PUTA QUE PARIU SEU MERDA!


Ah não, agora essa sirene... To gritando sozinho e alto demais, aqui. Porra, é o que acontece com a mente da gente depois de se meter em tanta onda errada. Vamos andando. Acendo um cigarro. Vejo a noite prosseguir sem nenhuma procedência. Calma - esgotada. Paciência? Zero. Só quero encontrar mais um maluco antes de dormir. Pra botá mais um pra mim. Ééééé, só mais um... Carai, quando aquilo estiver na minha frente, vou mandar tudo pra cabeça de uma só puxada. E depois procurar um lugar pra dormir, que eu já to é muito chapado aqui, chapado pra caralho. Tem um casal andando ali.

Espera um pouco... O cara é o Jonas! AQUELE CARA É O JONAS! Vou correr pra alcançar ele. Não, mas será que é ele mesmo?... Ei, você ae mano, tu é o Jonas né? O quê? Tá de brincadeira comigo? Tu é o Jonas sim! Tu é o Jonas e vai botá um aqui pra mim agora que eu to fissurado, porra! E você, que é a mina do Jonas, num se mete não! Num se mete não que OLHA AQUI O TAMANHO DO MEU TRABUCO! TE ARREBENTO A CARA, SUA VADIA! E você, playoyzinho de merda, já que você não é o Jonas, você vai pro saco. Falow.

*POW!*



Correr. É só o que eu sei fazer, correr. Correr das sirenes. Correr das testemunhas. Correr das dívidas. Correr dos outros. Correr de mim mesmo.

Então eu corro, corro até não sobrar mais fôlego. Aí eu viro na primeira esquina e paro no primeiro beco. Acendo um cigarro. Minhas mãos tremem. Será que alguém ouviu o disparo? Ah, isso com certeza ouviram. Mas será que alguém fez denúncia? Será que tinha alguma viatura lá perto? Essa parte da minha memória está corroída pela vida obscura que venho levando. Não consigo ficar sentado, preciso estar alerta, ver, ouvir, presenciar a realidade como nunca antes. Porque agora eu sou um assassino - por conta da pior das bobagens que já fiz. E agora ouço de novo um som - já distorcido - de uma longínqua sirene na captura do bandido infeliz - eu.

E agora pego o trabuco e vejo que só sobrou uma bala.

Posso ficar aqui pensando em um milhão de justificativas,

mas depois que fizer o negócio, ninguém vai ficar sabendo.

Não vai fazer diferença, agora ou daqui a cinco minutos.

Então eu faço a coisa mais certa que já fiz: aperto o gatilho

sentindo o músculo da têmpora esquerda se despedaçar em carne e pólvora.

Agora não sou mais um assassino e nem um viciado, me respeite. Sou um Cadáver na calçada.

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