Geração Neo-Beat Junkie Obsessiva.

Geração Neo-Beat Junkie Obsessiva.


Arthure 'Crack' di Monzza.

Guiliano 'Jamaica' Gasparetto.

Federico 'The Gangster' Carletti.

Francesco 'Nonsense' Manzano.


terça-feira, 24 de agosto de 2010

sexo, drogas e...

É um momento de iluminação em que as palavras não importam mais: meaninglessmente falando, trôpego como a maça no pé sob forte chuva, a iminência das idéias que insistem em gotejar no papel, restos do que se passa por dentro.
O dia é frio e a noite é escura. Frenesi descompassado rege os passos dos calçados roletando na cidade, lá pelas seis horas do viaduto tampando o pôr-da-luz acima das cabeças.
Um maluco parado passando  um ar de estaticidade olha as horas no punho esquerdo enquanto espera, no infernal redemoinho de movimento que o cerca, parado em frente à distribuidora de bebidas, esperando, na frente do viaduto e suas sombras que já iam caindo conforme os carros iam sempre a rodar suas rodas pra frente. Só pra frente.
Então ele perde a paciência de tanto esperar quando ouve um assovio de outro maluco que o cumprimenta entregando-lhe, junto com um sorriso de boasvindas, a Hóstia Sagrada do Prazer Espírito-carnal, o Supra-Sumo da experiência sensorial humana na Terra, a chave que abre a torneira enchurrante dos pensamentos irrefreáveis, colados nos sentires sortidos da percepção.
Paga o maluco.
Põe na boca.
Espera.
























Quando estamos sob efeito do ácido - já em níveis avançados, depois das três horas pós-ingestão - a matéria é só um ponto sólido ínfimo e completo flutuando no nada total. Se você olha por um lado - coloca aquela música certa, vai praquele lugar, com aquelas determinadas coisas ao redor e iluminação próprias, onde tenha exatamente aquela cerveja que te deixa no grau certeiro e se por um acaso você acaba - por causa disso tudo - levando AQUELA específica mulher pra sua cama - aí então pode-se dizer que nada vai sobrar do que você entende por espaço, matéria, cama, dama, tempo, escuro, cheiro, gosto, goso, dente, carne, língua, pernas, sangue, passado, vida.
Se pingar na terra o suor daquela foda, vão brotar eufolegrias com semente de skunk limonado.

domingo, 22 de agosto de 2010

Noites secas nas anfepramonas da cidade

Malditas balas de anfepramona, me disseram que iria acabar com a minha fissura, me juraram que eu iria ficar satisfeito, eu vi na face do desgraçado que me passou, ele estava perturbado, acho até que alucinado, maldito, devia estar mesmo muito louco mas não de anfepramona, essa porcaria de pó contra obesidade, eu deveria ter pensado desde o começo, aquele cara não parecia confiável e me cobrar 10 barões, eu esta mesmo muito fissurado e não havia mais nada na cidade naquela noite, parecia que tudo havia secado, sim, tudo sumiu, desapareceu, evaporou, SECOU, porra eu precisava de alguma coisa para fazer minha cabeça e a unica merda que me apareceu foi a maldita anfepramona, aquela desgraça de pó, e aquele desgraçado que me passou, fiquei esperando mais de 2 horas o bastardo na porta de um bar no meio do nada. O bastardo chegou.
"Ei amigo, eu só tenho anfepramona, 10 barões, é a cera mano eu tô doidão aqui."Disse o Bastardo
"Está bem me dê logo essa merda de  pó contra a obesidade."Naquela altura eu estava sem opções, realmente era pegar ou largar, e é claro que eu peguei, afinal eu sou Junkie e para nós não existe essa de deixar passar a oportunidade, a experiência, o prazer, o medo, a fissura, a dor, a angústia, a aflição, a dependência, o fim, nós sempre "pegamos" quando aparece a oportunidade, e naquela noite a anfepramona era minha unica esperança, afinal eu estava desesperado, no meio do nada, perdido em uma cidade suja, com o cheiro pior que o da maldita anfepramona, e agora eu estava sem nenhum barão no bolso, naquela oportunidade só me restava uma coisa a fazer, a coisa certa a se fazer, me sentei em um beco ao lado de alguns mendigos, ratos e porcos que estavam vivendo por ali, e mandei toda aquela merda seca para dentro, de uma só vez, para ver se dava onda, realmente parecia ter dado onda, algo como uma dor no estômago, um gosto ruim na garganta de todas as merdas que eu tinha dentro da barriga voltando em um vômito ácido e verde, é eu realmente odeio essa maldita anfepramona, mas vocês me conhecem, eu não deixaria passar essa oportunidade, afinal eu consegui o que queria, o que todo Junkie quer, a dor, o prazer, a angústia, a onda, Aquela maldita onda.

sábado, 21 de agosto de 2010

É só a acidez habitual de uma noite de quinta feira.
Fugindo do tédio, que pinga das árvores, dos céus, dos semáforos em preto e branco que piscam por sobre as cabeças abaixadas no chão. Não resta nem ao menos o que dizer, diante da normalidade esmagadora da grande maioria social. Obrigado a tomar um banho de mediocridade pra entrar no que chamam de conversação, convívio, grupo social, escutando e conversando conversas do lado de fora: apesar de tudo, ainda é díficil pensar em ser parte dessa biomassa. Em algum lugar de lá de grupos A e B, estou eu: grupo M. Grupo Merda nenhuma. Grupo Me fodo pra você. Grupo M, bem pra longe de A e B. Esse sou eu.
A apoteose das causas que mal foram abertas, e perdidas há décadas, junto a todas as outras causas falidas que chamo de amigos e conhecidos. Vivendo por viver, em uma quinta-feira que poderia muito bem ser uma segunda, um domingo, ou uma hora dentro de um outro dia. Nunca se procura o sentido de algo que não deve ter um. E isso é a vida, porra. Seria como atribuir senso moral à um pedaço de qualquer coisa: Porque?

Meu refúgio é o luar, a noite, são as doses baratas de lsd misturada com anfetamina de baixa qualidade. A cerveja de boteco, as pracinhas, os condomínios e terraços do mesmo setor de sempre. São braços quentes e sorrisos frios, entrecortados por bolhas de sabão e alguma outra coisa sem significado. O ritmo das risadas acompanha a urgência que todos sentimos. Alguma coisa enterrada nos dentes de baixo, que os dentes de cima esmagam sem dó nem piedade. Uma mordida como que arrancando aquele pedaço de realidade que cheira a ranço e que você quer destraçalhar, pelo prazer de fazê-lo, como um gato negro brincando com uma barata. Ou a sexta punheta da noite. Ou um baseado depois de uma carreira. A respiração que fica curta e rápida, o sexomotordomundodescontrolado. Esse é o refúgio. Sempre fugindo para os pequenos e grandes prazeres comprados na esquina, na mesa de um bar, na curva de um beco, pra não ter que encarar a plasticidade desse mundo de brinquedo. Pra não ter que encarar suas crias, seus pomposos intelectuais sentados nas mesas dos cafés, com seus ares de belle epoque e suas rolhas de cortiça enfiadas bem fundas no cu. Toda a elite-escória, socializando com o resto da sociedade socialmente cega, sorrindo seus dentes perfeitos e bem-cuidados, suas roupas brilhando ao som dos neons de suas boates. Todo o cheiro de perfumes importados não escondem a podridão de seus cérebros e decomposição. Grupos A e B, todos iguais em sua bela pose do nosso retrato social;

E eu, grupo M, continuo fugindo. Sempre fugindo, pra muito longe de tudo. pra muito longe, logo ali na esquina de casa.

sexta-feira, 20 de agosto de 2010

Manifesto JunkieBeat - Parte 1

Noites encharcadas de anfetamina barata, essa é minha sina.
Não tem porque viver se não for pra experimentar as sensações que a vida te oferece, minha única obrigação é aquela que tenho comigo mesmo: dissolver a realidade diante dos meus olhos, derreter de euforia os sons e as cores que me cercam devagar, como num sonho kafkiano sem fim. Existindo nos consumimos na aflição de não ter em que acreditar, visto que a fumaça embaça a mente e tudo se desfaz conforme a onda vai batendo aos poucos e o Todo aparece sibliando uivos de alegria: contemplar o Todo, ver dentro de si mesmo a Unidade e o Infinito, privilégio dos loucos que se entregam à liberdade de passear sem rumo pelo caloroso fardo de viver em vão.
Arrastam-se os momentos derramados no labor de existir; de cada um deles, extraímos pensamentos acorrentados um ao outro, o emaranhado de não-conclusas e imprecisas idéias vindas das mais improváveis situações. É a mistura imperfeita que nos faz humanos, impulsionada pelas mais variadas substâncias, preconceituadas de geração em geração, e que na verdade não são nada mais nada menos do que a pura Verdade de estarmos aqui nesse gigantesco ovo cósmico chamado Terra.

quinta-feira, 19 de agosto de 2010

Dois Cadáveres

Escuro é frio demais. Essa neve de lua não rola, mano. To congelando aqui e só queria mais um - porra! Por que não tem ninguém aqui perto com alguma coisa?... Desgraça é só o que passa pela minha cabeça agora. Arrancar a vida de alguém, HAHA! Vamos lá. Não tem ninguém aqui, muito menos com mais um... Não posso pensar nisso. Mas como eu queria mais um agora... só mais um, merda. MERDA! Cadê aquele filho-da-puta do Jonas, aquele vagabundo viciado? VÁ PRA PUTA QUE PARIU SEU MERDA!


Ah não, agora essa sirene... To gritando sozinho e alto demais, aqui. Porra, é o que acontece com a mente da gente depois de se meter em tanta onda errada. Vamos andando. Acendo um cigarro. Vejo a noite prosseguir sem nenhuma procedência. Calma - esgotada. Paciência? Zero. Só quero encontrar mais um maluco antes de dormir. Pra botá mais um pra mim. Ééééé, só mais um... Carai, quando aquilo estiver na minha frente, vou mandar tudo pra cabeça de uma só puxada. E depois procurar um lugar pra dormir, que eu já to é muito chapado aqui, chapado pra caralho. Tem um casal andando ali.

Espera um pouco... O cara é o Jonas! AQUELE CARA É O JONAS! Vou correr pra alcançar ele. Não, mas será que é ele mesmo?... Ei, você ae mano, tu é o Jonas né? O quê? Tá de brincadeira comigo? Tu é o Jonas sim! Tu é o Jonas e vai botá um aqui pra mim agora que eu to fissurado, porra! E você, que é a mina do Jonas, num se mete não! Num se mete não que OLHA AQUI O TAMANHO DO MEU TRABUCO! TE ARREBENTO A CARA, SUA VADIA! E você, playoyzinho de merda, já que você não é o Jonas, você vai pro saco. Falow.

*POW!*



Correr. É só o que eu sei fazer, correr. Correr das sirenes. Correr das testemunhas. Correr das dívidas. Correr dos outros. Correr de mim mesmo.

Então eu corro, corro até não sobrar mais fôlego. Aí eu viro na primeira esquina e paro no primeiro beco. Acendo um cigarro. Minhas mãos tremem. Será que alguém ouviu o disparo? Ah, isso com certeza ouviram. Mas será que alguém fez denúncia? Será que tinha alguma viatura lá perto? Essa parte da minha memória está corroída pela vida obscura que venho levando. Não consigo ficar sentado, preciso estar alerta, ver, ouvir, presenciar a realidade como nunca antes. Porque agora eu sou um assassino - por conta da pior das bobagens que já fiz. E agora ouço de novo um som - já distorcido - de uma longínqua sirene na captura do bandido infeliz - eu.

E agora pego o trabuco e vejo que só sobrou uma bala.

Posso ficar aqui pensando em um milhão de justificativas,

mas depois que fizer o negócio, ninguém vai ficar sabendo.

Não vai fazer diferença, agora ou daqui a cinco minutos.

Então eu faço a coisa mais certa que já fiz: aperto o gatilho

sentindo o músculo da têmpora esquerda se despedaçar em carne e pólvora.

Agora não sou mais um assassino e nem um viciado, me respeite. Sou um Cadáver na calçada.